No Fundão (*)
Após o azul da tarde
Logo anoitecia no Fundão.
A sombra chegava primeiro
e nos envolvia nas tardes de inverno.
O som vinha do britador,
das explosões na pedreira.
À noite, quando chovia,
a sinfonia dos sapos se fazia ouvir.
Em junho, balões
se misturavam às estrelas,
que ainda estão aí nos observando,
apesar da poluição.
Os bailes do Vila Atlântica,
as namoradas,
os bêbados na padaria Nova Era,
no Bar Madeira, no Empório São Judas Tadeu.
Os parques de diversões,
onde oferecíamos canções a moças bonitas.
Em março de 1956, a tragédia.
A avalanche derrubou casas e matou muita gente pobre.
Hoje olhamos o Fundão e as recordações doem.
O tempo levou muitos,
deixou outros tão mudados.
Alguns, nem tanto.
Só a saudade é sempre renovada.
(*) Fundão é como chamávamos o final da rua Carvalho de Mendonça,
onde começava o morro do Marapé. Ali existia a sede do Vila Atlântica F.C.,
a Pedreira Atlântica, durante uma época o Circo Teatro Irmãos Almeida, o parque de diversões do Coronel Arruda, o Gran Circo Prata. O nome "Fundão" é atribuído à autoria de Álvaro de Andrade (Né) possuidor de cerca de 300 fotografias tiradas de 1949 até os anos 1960.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário