Hoje tentava ler um livro em casa, mas a cadela do vizinho perturbava tanto que resolvi pegar a bicicleta e fui até o emissário. Como não há árvores no local - acho que os iluminados que bolaram aquilo não gostam de árvores - sentei-me sob a obra da Tomie Ohtake, único local com sombra. Em cima, a obra, e, no subsolo um rio obrado. Algumas moças de Cubatão conversaram comigo e quiseram saber do emissário. Mostrei-lhes o amontoado de prédios visíveis na orla da praia explicando-lhes que, além daqueles, todos os prédios e imóveis da cidade têm ligação direta com o emissário, porque todos os detritos produzidos acabam passando sob o local onde estávamos. Também disse-lhes que, do jeito que continuam construindo tantos prédios enormes, há o risco de uma explosão de metano que poderá fazer com que a obra de Ohtake vá parar na África.
Elas riram e uma delas se queixou da falta de árvores. Lembrei de um disco do Vandré, produzido na época da ditadura. No verso, uma frase de Bertolt Brecht: "Nestes tempos em que falar de árvores é quase um crime, pois implica em silenciar aos que virão depois de mim". Talvez a frase explique as razões de certas figuras detestarem árvores. Vejam como a mente viaja...
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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